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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quase


Quase
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O ANALFABETO POLÍTICO


O ANALFABETO POLÍTICO

"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.

Privatizado, privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.

Antologia Poética de Bertolt Brecht

FONTE: http://www.culturabrasil.org/brechtantologia.htm#O%20Analfabeto%20Político

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O FIM DOS PROFESSORES

O FIM DOS PROFESSORES


O ano é 2.212 D.C. - ou seja, daqui a duzentos anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
– Vovô, por que o mundo está acabando?

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:

– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.

– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.

– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?

– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.

– E como foi que eles desapareceram, vovô?

– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.
  
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.

Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

FOGO !!! FOGO !!! FOGO !!!



 Caros amigos!!!



 

Há quem diga que em caso de assalto, roubo ou qualquer outro tipo de violência, ao invés de se gritar “SOCORRO!!!!!” deve-se gritar: “ FOGO !!! FOGO !!! FOGO !!! E é exatamente isto  o que deveria se aconselhar para a educação pública no Brasil.
   A verdade é dura, mas no nosso país a educação é assaltada, espancada, estripada, degolada, estuprada e ainda obrigada a ouvir FUNK (só depois é que começam as atrocidades). Para muitos se configura um exagero dizer que a Educação pede socorro, mas para quem lida com isso no dia- a -dia, pedir socorro não é mais o suficiente. O nível educacional no Brasil tem piorado ano a ano, basta ver os resultados das avaliações internas e externas. A evasão das escolas de base até tem sido combatida com uma política paternalista (totalmente questionável), mas enfim, não podemos fazer aqui uma consideração mesquinha, pois sabemos que existem pessoas no país que não bastaria ensinar a pescar, pois não existem rios para todos... Porém, perceber que aquelas pessoas são um pouco mais esclarecidas aceitam a tudo isso apenas pelo fato de não ser atingida diretamente por estes problemas é realmente preocupante. Fica evidente o fato de o conforto econômico anestesia os sentidos e a criticidade das pessoas. O país avança por força alheia a sua vontade e mais pela pressão de alienígenas que, como gafanhotos, aos poucos estão devorando a nossa economia e os espaços deixados pela falta de profissionais nativos.( Voltamos à gorda na banheira).
Isto é de uma clareza inconteste. Estamos sendo sugados em nossas riquezas minerais e agrícolas. Agora está em curso a tomada do nosso setor de serviços. Nada contra essa invasão que seria ótima se tivéssemos um povo preparado educacionalmente e que assim pudesse crescer e se aproveitar do momentâneo crescimento e concretizá-lo como algo perene e não eventual e passageiro. Vivemos a falsa idéia de que o consumo promovido à base de "doações” via crédito ou outro viés, é um sinal de prosperidade e um crescer material constante. É uma herança maligna que, como metástase, se espalhou pelo corpo social da Nação. Passamos por um fenômeno de crescimento econômico, à custa da venda de nossa própria alma, e nossas riquezas mais caras, somos destituídos de nossos bens valiosos, empresas bilionárias, Rodovias, serviço de telefonia, energia elétrica etc. (AHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!! DESCULPA MAS NÃO CONSIGO PENSAR EM PRIVATIZAÇÕES SEM FICAR REVOLTADO!!!! -  Privatizar  → pagar para fazer algo + o governo vende a troco de banana + eles ganham c/ a concessão + os empresários ficam mais ricos – o povo, que fica cada vês mais fod... Na verdade a privatização pode ser considerada uma equação do segundo grau, pois admite dois resultados possíveis sendo que no primeiro, o governo e quem compra ganham muito, quem pagou com impostos para a realização perde o dinheiro investido e ainda paga utilizar os serviços. E fica = IDIOTA. Não é para ficar PUTO!!)
O mercado da tecnologia que hoje recebe cerca de 40% dos investimentos mundiais não pode expandir no Brasil em razão da baixa, e praticamente desqualificada, formação dos nossos estudantes e profissionais. Dos muitos segmentos da área, alguns poucos apresentam razoável desenvolvimento em nosso país. Há incipiente investimento e estímulo nesse campo da tecnologia e isso reflete na escolha dos jovens que mal chegam aos 10% de formandos para esse setor. A China, salvo engano de informação, tem no exterior cerca de 700 mil engenheiros fazendo pós-graduação. De todo o fluxo de exportações tecnológicas do mundo atual o Brasil participa com menos de 1% deste montante. Somos Gigantes Pela Própria Natureza, Dependentes da Natureza, pois as únicas coisas que exportamos são produtos primários. E
honestamente, com todos estes investimentos na educação básica, não é possível vislumbrar uma melhora acentuada para os próximos anos.
Há um engano que é repassado quase todos os dias para o povo brasileiro. Consiste, pelos dados econômicos alardeados, que o Brasil já tem sua economia consolidada e são apresentados resultados de consumo financiado em prestações sangradas na fonte dos salários. A isso se soma vinda de investimentos especulativos dos que vem até aqui buscar o dinheiro fácil ante os juros pagos. Adiciona-se entrada de dólares pelas vendas das commodities que são representativas não pelo aumento de produção e venda, mas de preços. Inclui-se o crescimento na indústria que na verdade é recuperação da crise de 2008. Festeja-se o aumento do emprego formal que foi consistente ante o aumento da fiscalização e da necessidade do empresário registrar seus empregados para obtenção de financiamento e ainda a falsa idéia de que construindo universidades se resolve o problema da educação, da formação profissional.
O ministro da Educação é incompetente e disto não restam dúvidas. Tenho a impressão de foi escolhido a dedo, pois educação de qualidade não interessa a ninguém. Não houve avanço na Educação que se possa considerar homogêneo, planejado, definido e com metas plausíveis e de eficaz concretização. A única grande inovação, se assim podemos dizer em razão de que o Enem vem de há muito, foi a avaliação aplicada por esse sistema como forma de acesso às universidades federais. Transformaram essa possibilidade de acesso em um emaranhado de confusões e erros que mostram realisticamente a quem está entregue a direção da Educação brasileira, ao circo da incompetência. E os estudantes no Brasil continuam entrando e saindo das universidades ao som das ferraduras. É visível que a ociosidade de vagas nas instituições superiores públicas e privadas é um clássico sinal de que, mesmo com Prouni, o caminho é muito curto na vida universitária. A carência do saber não permite acompanhar e entender os enunciados acadêmicos e a frustração impede a realização do sonho do conhecimento.
De quem é a responsabilidade desse rosário de falhas e falta de comprometimento com a educação? Todos sabemos, mas nada fazemos. Aceitamos passivamente a continuidade do incompetente a frente do Ministério que é a alma da formação de uma Nação. Onde estão os letrados do Brasil que nada manifestam? Os próprios reitores que se dizem representantes da população universitária, onde estão? E os alunos que aceitam tudo?
            Mas não se preocupem... Parafraseando a Professora Amanda Gurgel: Coloquem-me em uma sala de aula com 55 alunos, sem recursos e um giz, e vocês querem que salve a educação??? Ok posso pedir ao menos um bat-cinto de utilidades ou uma capa vermelha???